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Foram muitas as danças no Padmaa em 2014. Você já parou para pensar quantos novos passos deu nesse ano? Quantos gestos floresceram dentro de você? Ou como uma história narrada em determinada coreografia fez sentido naquele exato momento da sua vida? Para mim, em particular, 2014 foi um ano singular. Singular no plural, já que depois de quase 4 anos, digamos, “hibernando” em relação ao Odissi, eis que ele desperta suavemente em mim como de um sono profundo… Ou seria um sonho? Quanta coisa está em jogo em um despertar! Está em jogo o reencontro com uma dança milenar, com seus floreios, sua estrutura rítmica e seus infinitos ensinamentos, mas sobretudo o reencontro entre duas pessoas que na relação professor-aluno se permitem improvisar buscando novos espaços possíveis para simplesmente dançar! Está em jogo ainda uma nova amizade que brota delicadamente em descontraídos cafés e conversas inspiradas – sem os quais eu talvez não tivesse tido a “cafeína” necessária para voltar a dançar. E acima de tudo, um despertar em nome da própria consciência de si neste intrincado e colorido jogo de espelhos que é a dança, e por quê não a vida! Enquanto eu acordava do meu sonho de Brahma, muitas  coisas aconteciam no Padmaa! Em janeiro, como é de costume, aconteceram os workshops intensivos com Silvana Duarte. E os primeiros passos de 2014 se deram com a coreografia Pada Vande Mangalacharam, do guru Kelucharan Mohapatra, para uma das belas representações de Ganesha. Em meados de maio, tivemos ainda a presença do dançarino indiano Aruna Pradhan, em aulas de basic steps e coreografia incluindo o acompanhamento no mardala, o tambor característico do Odissi, algo inédito por aqui e que trouxe um ânimo a mais para os participantes dos workshops. Nesse momento, eu já flertava com a dança indiana aqui e ali quando soube através de um programa no rádio que Aruna Pradhan se apresentaria na Associação Palas Athena naquela mesma noite. Não pensei duas vezes, o anúncio que para mim soou mais como um chamado divino me levou a estar na plateia de um dos ícones da tradição gotipua. Quando para minha surpresa a dança com a qual ele abria aquele recital era a mesma que eu havia aprendido em Orissa com a professora Aruna Mohanty… Coincidência ou não, me sentei ao lado de Silvana Duarte naquela noite e na presença de Jaganatha estivemos mirando novos caminhos a seguir pelo Odissi. Jay Jaganath! E por falar em sublime…mais um dos esforços de Silvana Duarte para o bem da nação Odissi no Brasil foi a passagem do dançarino Rahul Acharya pelo Padmaa, que entre outras, nos presenteou com uma inenarrável apresentação no estilo do guru Deba Prasad Das – ou melhor, no estilo Rahul Acharya: virtuoso, moderno e muito masculino! Ainda sob os efeitos hipnotizantes da dança (e da fala) de Rahul Acharya, em fins de agosto a professora Silvana Duarte transmitiu aos alunos a coreografia Dasha Avatar, criação de guru Kelu Babu (como era carinhosamente chamado por seus alunos) que descreve as dez manifestações do deus Vishnu, considerada um dos marcos da história da dança Odissi. Em outubro, por fim, aconteceu no Padmaa o workshop “Entre o Corpo e o Coração”, sobre a importante relação entre a expressão, a devoção e os shastras. A essa altura meu coração batia de novo no compasso do Odissi…eu havia ressuscitado essa arte milenar dentro do mim e que agora, para minha sorte e surpresa, reaprendo ensinando os primeiros passos a outros dançarinos interessados a trilhar por essa rica arte indiana. É que a partir do ano que vem terei a honra de ensinar aulas de iniciante no Padmaa, local onde eu mesma há cerca de dez anos ensaiava inocentemente os meus primeiros choukas e tribhangas! Um ciclo que se fecha, outro que se inicia. E não é esse espírito terapêutico, coletivo e amoroso o do Natal? Fica aqui a minha primeira mensagem no blog do Padmaa, minha breve retrospectiva do ano…espero que tenham gostado e que se inspirem a fazer também a de vocês. E se por acaso sentirem vontade, compartilhem aqui no blog do Padmaa, que está novinho em folha, todo repaginado para aprendermos cada vez mais sobre o Odissi e sobre nós mesmos. E que venha 2015!
Jay Jaganath!

Por Deborah Rocha

 

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